domingo, 28 de março de 2010

Figura Ilustre de Vila Real



Miguel Torga

Oriundo de uma família humilde de Sabrosa, era filho de Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros. Em 1917, aos dez anos, foi para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes da família. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918 foi mandado para o Seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida. Estudou Português, Geografia e História, aprendeu latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil em 1919, com quinze anos, para trabalhar na fazenda do tio, proprietário de uma exploração de café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, na convicção de que ele havia de vir a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço - o que levou ao seu regresso a Portugal.
Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro de poemas, Ansiedade. Em 1929, com vinte e dois anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema Altitudes. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era bandeira literária do grupo modernista e era também, bandeira libertária da revolução Modernista. Em 1930 rompe definitivamente com a revista Presença, por «razões de discordância estética e razões de liberdade humana».
É bastante crítico da praxe e das restantes tradições académicas, e chama depreciativamente «farda» à capa e batina, mas ama a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933 concluiu a licenciatura em Medicina, com apoio do tio do Brasil. Começou a exercer a profissão nas terras agrestes transmontanas, de resto, o pano de fundo de grande parte da sua obra.
Casou-se com Andrée Crabbé em 1940, uma estudante belga que, enquanto aluna de Estudos Portugueses, com Vitorino Nemésio em Bruxelas, viera a Portugal fazer um curso de verão na Universidade de Coimbra. O casal teve uma filha, Clara Rocha, nascida a 3 de Outubro de 1955, e divorciada de Vasco Graça Moura.

A origem do pseudónimo
Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia Rocha autodefine-se pelo pseudónimo que criou, "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo. A sua campa rasa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra ao poeta.

A obra de Torga

A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras trasmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude).
Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é-lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a Natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à Natureza, como os trabalhadores rurais trasmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras. E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a Natureza mau grado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga fazem do homem único ser digno de adoração.
Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e carácter duro, foge dos meios das elites pedantes, mas dá consultas médicas gratuitas a gente pobre e é referido pelo povo como um homem de bom coração e de boa conversa.
Torga era conhecido popularmente nos meios intelectuais de Coimbra como o rei dos chatos.

Prosa
• 1931 - Pão Ázimo.
• 1931 - Criação do Mundo.
• 1934 - A Terceira Voz.
• 1937 - Os Dois Primeiros Dias.
• 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo.
• 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo.
• 1940 - Bichos.
• 1941 - Contos da Montanha."Diário I"
• 1942 - Rua.
• 1943 - O Senhor Ventura. "Diário II"
• 1944 - Novos Contos da Montanha.
• 1945 - Vindima.
• 1946 - "Diário III".
• 1949 - "Diário IV".
• 1951 - Pedras Lavradas. "Diário V".
• 1953 - "Diário VI".
• 1956 - "Diário VII".
• 1959 - "Diário VIII".
• 1964 - "Diário IX".
• 1968 - "Diário X".
• 1973 - "Diário XI".
• 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo.
• 1976 - Fogo Preso.
• 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo.
• 1982 - Fábula de Fábulas.

Peças de teatro
• 1941 - "Terra Firme" e "Mar".
• 1947 - Sinfonia.
• 1949 - O Paraíso.
• 1950 - Portugal.
• 1955 - Traço de União.

Traduções
Livros seus estão traduzidos para diversas línguas, algumas vezes publicados com um prefácio seu: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.

Prémios
O Wikiquote tem uma colecção de citações de ou sobre: Miguel Torga.
• 1969 - Prémio do Diário de Notícias.
• 1976 - Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist.
• 1980 - Prémio Morgado de Mateus, ex-aecquo com Carlos Drummond de Andrade.
• 1981 - Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S..
• 1989 - Prémio Camões.
• 1991 - Prémio Personalidade do Ano.
• 1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.
• 1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.

Lenda da Povoação de Agarez


Hoje, na hora do conto, o pai da Beatriz esteve na nossa sala para nos contar a história "A Lenda da Povoação de Agarez". Depois de falarmos sobre a história, o pai da Beatriz teve a gentileza de nos oferecer uns chupas que nos deixaram muito contentes.




A Lenda da Povoação de Agarez

Relacionada com a Serra do Alvão, cenário das lendas, O Calhau do Encanto e As Picaretas de Oiro, existe uma outra que se refere à origem, nome e actividade dos habitantes de Agarez.
Agarez é uma risonha e soalheira aldeia, situada nas fraldas da Serra do Alvão, a cerca de oito quilómetros de Vila Real. Foi notável pelo artesanato do linho que os seus moradores cultivavam, teciam e bordavam primorosamente.
A imaginação que ajudou a criar os caprichosos desenhos dos seus bordados ajudou também a criar a curiosa lenda que nos explica a sua génese.
Em tempos muito remotos, no mesmo lugar em que se encontra o actual povo de Agarez, havia um outro chamado Aragonês, nome que lhe fora dado pelos seus fundadores, originários do Reino de Aragão.
Quando estes lá chegaram, construíram as primeiras casas e começaram a surribar as terras arenosas e a cultivar o milho que era o prato forte da sua alimentação.
Um dia, no decorrer desta faina, encontraram, com espanto e alegria, um largo filão de oiro que parecia não ter fim. Abandonaram logo os trabalhos agrícolas para se entregarem, com avidez, à exploração do precioso metal que iam amontoando nos canastros do milho.
Depois de terem enchido os canastros, entenderam que era muito arriscado guardar ali tão valioso tesouro e decidiram levá-lo para a serra e escondê-lo debaixo da areia.
Fizeram, para isso, grandes dunas, com galerias interiores, e trataram de o transportar para lá em carros de bois.
Quando andavam naquela freima, passou lá o Diabo que, ouvindo o estridente chiar, se aproximou, curioso, e parou, agachado atrás dos arbustos. Arregalou bem os olhos e pôs-se à escuta:
- E se alguém descobre o oiro? – pergunta um.
- O Diabo seja surdo – respondem os outros em coro.
- E se alguma enxurrada leva a área? – lembra outro.
- Cruzes, canhoto! - vociferam os restantes.
- Não, se Deus quiser, não vai acontecer nada disto – concordaram todos.
De repente, um dos sacos rompeu-se e as pepitas espalharam-se pela encosta.
- Rais part’ó Diabo! – praguejou alguém.
Ao ouvir isto, o Diabo afinou, perdeu a paciência e não quis ouvir mais. Furioso, jurou vingar-se daqueles títeres desprezíveis que o infernizavam com alcunhas e pragas, e, ainda por cima, eram cristãos.
A espumar de raiva, deitando lume pelos olhos, com o rabo entre as pernas, esgueirou-se, sorrateiramente, para não ser notado, a cogitar a maneira de pôr em prática o seu propósito de vingança.
- Haviam de pagar, e com língua de palmo, o atrevimento, ou ele deixaria de ser Diabo.
Então, lembrou-se de que, lá para os lados de Penaguião, havia uma terra chamada Mafómedes, cujos habitantes seguiam a lei de Mafóma que eram, por isso, inimigos figadais dos cristãos.
Estugou o passo e para lá se dirigiu, sem perda de tempo. Com a promessa de lhes entregar um fabuloso tesouro, facilmente convenceu os Mouros a acompanhá-lo. Com o Diabo na dianteira, armados até aos dentes, transpuseram, pela calada da noite, os desfiladeiros do Marão e chegaram a Aragonês, antes do dealbar, quando os Aragoneses dormiam, ainda, a sono solto.
Sem encontrar resistência, mataram todos os cristãos, e destruíram-lhes todas as casas.
Ao romper da manhã, dirigiram-se para o local das dunas à procura do oiro escondido. Mas, quando começaram a revolver a areia que cobria o tesouro, um forte abalo sacudiu a encosta e fez rolar, lá do alto do Alvão, uma cordilheira de penedos que os esmagaram e soterraram, com armas e bagagens.
Daquela hecatombe, escapou apenas o Diabo e um casal mouro que aí se fixou e reconstruiu a povoação à qual deu o nome de Agarez, em memória da sua ascendente Agar, a famosa escrava de Abraão, que deu origem aos Agarenos, seus correligionários.
Os habitantes da nova povoação passaram a dedicar-se à cultura do linho com o qual teciam e bordavam maravilhosos lençóis, cobertas e toalhas, uma arte que os tornou conhecidos e que ainda hoje perdura, embora em menor escala.
É de lá que vêm as cobiçadas peças de linho que embelezam e valorizam a tradicional feira de São Pedro, a vinte e nove de Junho, em Vila Real.
É esse o seu oiro verdadeiro, porque o outro, esse lá continua, inacessível, debaixo dos impenetráveis penedos, bem guardado pelo Génio da Montanha!

Um Reino Maravilhoso


A Nossa Terra










MARÃO

Serra, seio de pedra
Onde mamei a infância
Amor de mãe, que medra
Quando medra a distância.


Miguel Torga




A cidade de Vila Real está situada a cerca de 450 metros de altitude, sobre a margem direita do rio Corgo, um dos afluentes do Douro. Localiza-se num planalto rodeado de altas montanhas, em que avultam as serras do Marão e do Alvão.Dista aproximadamente 85 quilómetros, em linha recta, do Oceano Atlântico, que lhe fica a Oeste, 15 quilómetros do rio Douro, que lhe corre a Sul, e, para Norte, cerca de 65 quilómetros da fronteira com a Galiza, Espanha.Vila Real é sede de concelho e capital de distrito.O Concelho de Vila Real, sem prejuízo da feição urbana da sua sede, mantém características rurais bem marcadas. Dois tipos de paisagem dominam: a zona mais montanhosa das Serras do Marão e da Alvão, separadas pela terra verdejante e fértil do Vale da Campeã, e, para o Sul, com a proximidade do Douro, os vinhedos em socalco. Por toda a parte existem linhas de água que irrigam a área do Concelho, com destaque para o Rio Corgo, que atravessa a Cidade num pequeno mas profundo vale, originando um canhão de invulgar beleza.

O Concelho é constituído por 30 Freguesias: Abaças, Adoufe, Andrães, Arroios, Borbela, Campeã, Constantim, Ermida, Folhadela, Guiães, Justes, Lamares, Lamas de Ôlo, Lordelo, Mateus, Mondrões, Mouçós, Nogueira, Nossa Senhora da Conceição (urbana), Parada de Cunhos, São Miguel da Pena, Quintã, São Dinis (urbana), São Pedro (urbana), São Tomé do Castelo, Torgueda, Vale de Nogueiras, Vila Cova, Vila Marim e Vilarinho da Samardã. A população do concelho ronda os 50.000 habitantes, para uma área de cerca de 370 km2.



Lenda do Gigante do Marão


A lenda do gigante Marão

Noutros tempos aparecia na serra do Marão um gigante que atemorizava os habitantes das aldeias, especialmente os pastores, pois alimentava-se com os animais que lhe roubava, os quais abocanhava e comia duma só dentada, como se de um simples “papo seco” se tratasse. As pessoas evitavam afastar-se para longe dos seus povoados, pois a própria figura do gigante metia medo: a cabeça era grande e achatada, e na testa, bem ao meio, tinha apenas um olho, um olho enorme, bugalhudo, que avistava tudo a grande distância. As guedelhas e as barbas eram longas e desajeitadas. Mais pareciam silvados.Um dia, um pastor de uma aldeiazinha das fraldas da serra com apenas 1500m2 de área, tido como pessoa que usava mais miolos que a força, resolveu dar uma lição ao gigante e acabar com a ameaça que a sua presença representava para todos. Vai daí, pegou no rebanho e meteu-se ao caminho, serra acima, sem dar ouvidos a quantos lhe desaconselhavam a aventura – ou não fosse ele o homem pequeno e raquítico de aspecto, a contrastar com o “trambolho” que o esperava.E sem precisar de andar muito, lá lhe apareceu o gigante, pronto a fazer um banquete com as ovelhas.- Com que então resolveste vir ter comigo!... Ainda bem, pois estou em jejum e já tenho a barriga a roncar! – disse o gigante.- Pois olha que eu não tenho medo de ti! Sou até capaz de te vencer! – reagiu o pastor.- O quê?! Ora mostra lá o que és capaz de fazer!O pastor tirou do bolso um bocado de queijo de cabra fresco, e disse:- Estás a ver este seixo? Pois olha o que eu faço com ele! – E começou a espremê-lo com a mão, fazendo sair um líquido amarelado, que mais não era que o soro do queijo, o que deixou o gigante boquiaberto. – Agora vê lá tu se és capaz de fazer o mesmo!O gigante arrancou uma fraga do chão, espremeu-a com quanta força tinha, e … nada. Depois pegou em outra e foi o mesmo. Até que desistiu.- Ainda não acreditas que sou mais forte do que tu? – perguntou o pastor.– Então vamos ver agora quem é capaz de atirar uma pedra mais longe. Podes ser tu o primeiro.O gigante pegou numa pedra enorme e lançou-a para tão longe que acabou por ir cair noutra montanha. E, todo satisfeito, já a cantar vitória, diz para o rival:- Vá lá, faz agora tu o mesmo!- Faço, sim senhor!O pastor meteu a mão ao bolso, onde trazia um pardal, e soltou-o no mesmo instante. O pássaro, farto de estar cativo, voou como uma seta, e para tão longe que nem o pastor nem o gigante o conseguiram alcançar com a vista.Espantado com tamanha habilidade, o gigante ainda assim se aprontou para aceitar um desafio que o pastor lhe lançou:- Vês ali aquele pinheiro? – perguntou, apontando para um que era o mais grosso de todos. – Ora vamos lá ver quem é, dos dois, que o consegue dobrar!O gigante nem hesitou, convencido de que aquilo era, sem qualquer dúvida, uma proeza que só ele poderia realizar. Deitou as mãos ao tronco do pinheiro e, auxiliado com o peso do próprio corpo, fez quanta força pôde até que dobrou, ao ponto de a ramagem tocar no chão. E foi nesse momento que o pastor o interrompeu, dizendo-lhe:- Tira agora daí as mãos, que o quero dobrar eu!O gigante abriu as mãos e o resultado não podia ser outro: o pinheiro soltou-se e foi desferir-lhe tamanha cacetada na cabeça que o deixou a ver estrelas, ficando estendido no chão, atordoado e sem forças para se mexer.O pastor, que considerou cumprida a sua missão, tratou de fugir, com as ovelhas, e com a rapidez que podia. Um pouco mais baixo, teve de atravessar uma ribeira onde encontrou várias mulheres a lavar as tripas de um porco para o fumeiro. E pediu-lhes:- Se o gigante aqui passar, e perguntar por mim, dizei-lhe que eu passei a correr e que, para ir mais leve e correr mais, deixei ficar as tripas, essas que estais aí a lavar. E dizei-lhe também que, quando estiverem vazias e limpas, eu volto a passar aqui para as meter outra vez na barriga.E, dito o recado, continuou o caminho. Daí a pouco, chegou o gigante, ainda meio atordoado, e perguntou pelo pastor. Como resposta, recebeu o recado que o pastor deixou.Perante tal resposta, o gigante não perdeu tempo a pensar. Apenas o mínimo: “Se o pastor tirou as tripas para ir mais leve, porque não hei-de eu fazer também o mesmo? Afinal, as minhas sempre pesam mais!...”. E, se depressa pensou, mais depressa o fez. Pegou na faca de matar os porcos e espetou-a na própria barriga. E dali já não saiu mais. A serra do Marão livrou-se de tão incómoda criatura, e o pastor foi glorificado pela sua esperteza.

Lenda adaptada por Alexandre Parafita

Símbolos Nacionais







Os símbolos da nossa pátria são o Hino Nacional e a Bandeira de Portugal. Estes símbolos devem ser tratados com o máximo de respeito por todos.
Aprende o significado de cada símbolo da Bandeira de Portugal.
Forma - A bandeira portuguesa é rectangular e o seu comprimento deve ser igual a uma vez e meia a sua altura.
Cores - O vermelho, que ocupa três quintos do espaço total da bandeira, lembra o sangue e a coragem dos heróis portugueses e incita à vitória;
-O verde, que ocupa dois quintos do espaço total e fica do lado do mastro, é a cor da esperança e significa uma mudança no país.
Símbolos - As 5 quinas simbolizam os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique.
Os pontos dentro das quinas representam as 5 chagas de Cristo. Diz-se que na batalha de Ourique, Jesus Cristo crucificado apareceu a D. Afonso Henriques, e disse: "Com este sinal, vencerás!". Contando as chagas e duplicando as chagas da quina do meio, perfaz-se a soma de 30, representando os 30 dinheiros que Judas recebeu por ter traído Cristo.
Os 7 castelos simbolizam as localidades fortificadas que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros.
A esfera armilar simboliza o mundo que os navegadores portugueses descobriram nos séculos XV e XVI e os povos com quem trocaram idéias e comércio.

Autores da Bandeira Republicana: Columbano, João Chagas, Abel Botelho

Hino Nacional


Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Letra de Henrique Lopes Mendonça,

Música de Alfredo Keil


Clica aqui, e ouve o hino nacional.

http://www.heroisdomar.com/hino/

Monumento Palácio de Mateus

A Casa de Mateus foi edificada durante a primeira metade do século XVIII por António José Botelho Mourão (1688-1746), 3º Morgado de Mateus. A capela foi terminada pelo seu filho: D. Luís António de Sousa Botelho Mourão (1722-1798).
A Casa de Mateus é uma edificação barroca de planta rectangular, estruturada em dois corpos laterais, implantados no sentido noroeste/sudeste, e ligadas entre si, ao nível das fachadas posterior e principal, por duas alas que lhe são perpendiculares, conferindo ao conjunto uma grandiosidade e beleza de raro efeito plástico e arquitectónico.
“Planta composta em U, volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado de quatro águas. Com dois pisos é intersectado ao meio por um corpo, destinado ao hall nobre de entrada, donde origina um pátio interior de planta quadrada e um outro pátio de entrada também em U, onde se desenvolve uma sumptuosa escadaria dupla. A fechar o pátio de entrada, um murete, suporte de uma balaustrada onde apoiam seis pináculos de granito. A fachada principal orientada a O., apresenta as extremidades das alas do U, empregando sobre as aberturas do 1º piso frontões triangulares simples, como os que percorrem as extensas fachadas laterais. No interior do pátio de entrada e a contrastar com esta linguagem seca, os vãos do mesmo piso possuem frontões ondulados e interrompidos. A encimar a frontaria onde se adossa a escadaria de entrada e ao centro uma pedra de armas. Sobre os telhados, assentes em cornijas de granito, nos cunhais e ângulos apoiam-se altos pináculos. Também no pátio interior desenvolvem-se duas escadarias duplas em fachadas opostas. Através do arco localizado debaixo do patamar de acesso ao andar nobre da escadaria do pátio de entrada estabelece-se ligação entre estes dois pátios. A relaciona-los uma sala a toda a extensão para a paragem das carruagens puxadas por cavalos. Após a passagem deste espaço e alinhados pelo arco já referido um outro na extremidade da fachada nascente conduz ao jardim. A capela junto à fachada lateral N. é de planta rectangular, dividida em três espaços, correspondendo às extremidades a capela-mor e ao sub-coro. O espaço intermédio possui um tecto em cúpula, encimado por um lanternim. O coro está apoiado num arco abatido. O arco cruzeiro que antecede a capela-mor, com um tecto em abóbada de berço apoia-se em colunas jónicas. A fachada principal da Capela orientada a O. apresenta um portal simples ladeado por quatro colunas onde assenta um arco de volta perfeita que envolve uma pedra de armas. Sobre este arco uma cartela com a data inscrita da fundação. A encimar este conjunto, duas volutas interrompidas.” IPA – Nº. 1714150004, Descrição, http://www.monumentos.pt.
A ala anterior é recuada, e dotada de uma dupla escadaria, que permite o acesso desafogado ao primeiro piso, antecedida de um pátio de generosas dimensões e que, com os corpos laterais mais avançados, formatam a fachada principal do edifício.
A ala posterior fecha um outro pátio interior, de menores dimensões, aberto, e remata a fachada a sudeste, que abre para os jardins da Casa e fachada lateral da Capela.
É de admitir a possibilidade de intervenção de Nicolau Nasoni nesta edificação, pelo menos na secção central do palácio (fachada poente), conforme defende Vasco Graça Moura, no seu livro “Figuras em Mateus” (pp. 18-28), com base nos estudos de Robert Smith sobre este arquitecto toscano, a que acrescenta uma bem estruturada fundamentação técnica e artística em abono desta teoria, remetendo para o período que medeia entre 1739 e 1743, a elaboração do “risco” e respectiva execução da secção referida.
Esta forte probabilidade de Nicolau Nasoni ter intervido, senão na totalidade, ao menos em parte do edifício, confere-lhe um valor acrescido ao, já de si, importante (e imponente) palácio, quer pelas generosas dimensões que ostenta, quer pela forma como foi concebido nas suas relações espaciais e funcionais.
O conjunto é ainda complementado com a Capela da Casa, situada a nordeste da mesma, de natureza estilística algo diferenciada do corpo principal do palácio, mas nem por isso menos exuberante nos pormenores decorativos, e igualmente marcante pela altura que patenteia e pela volumetria que lhe está associada, conferindo um equilíbrio notável à totalidade da edificação.
Os diversos anexos existentes no espaço da cerca, com realce para o edifício da “Nova Adega”, uma construção que data, originariamente, do séc. XVI, situada nas proximidades da capela, em frente à fachada norte do edifício principal; o denominado “Barrão”, localizado em zona mais distante da Casa, certamente celeiro e espaço de “arrumos” da eira que se estende à sua frente; e ainda os magníficos jardins que rodeiam o edifício principal, completam toda esta estrutura edificada, conferindo-lhe características muito próprias e permitindo possibilidades de “tratamento” museológico excepcional, pela funcionalidade e capacidade de adaptação de cada espaço considerado às novas funções que se pretendem introduzir no circuito expositivo da Casa.
Agostinho Ribeiro - Conservador Museólogo

Monumento - Pelourinho de Vila Real




O Pelourinho de Vila Real foi construído em 1515, quando Vila Real obteve o novo foral dado por D. Manuel.
O actual pelourinho só possui do original a coluna octogonal, enquanto o resto é uma cópia do original, que terá sido destruído.
A sua localização foi mudando ao longo dos anos, tendo passado pela Rua da Praça (actual Largo do Pelourinho), pelo largo em frente aos Paços do Concelho, e posteriormente na sua localização actual que é o Largo do Pelourinho, na freguesia de São Dinis.
Este pelourinho é formado por uma base de quatro degraus octogonais, sobre a qual assenta um paralelepípedo também octogonal, que suporta o fuste. Por cima do fuste, o pelourinho termina numa estrutura em forma de gaiola, com as suas quatro faces comunicando entre si através de aberturas em arco redondo. Essa gaiola apresenta na união das suas faces umas pequenas colunas cilíndricas e no seu vértice uma cruz em ferro com uma bandeirola.

Monumento - Capela de S. Brás





Atribuída à época de transição do séc. XIII para o XIV, é um pequeno templo romântico-gótico, coevo da fundação de Vila Real. Adossada à Igreja de São Dinis, sofreu profundas alterações no séc. XVIII, mas guarda ainda no interior duas arcas tumulares, uma das quais de estilo manuelino. Na outra é tradição que está sepultado Lourenço Viegas, o Espadeiro, companheiro de armas de D. Afonso Henriques.
Existem na parede fundeira, dignos de registo, frescos que representam São Brás.


Fonte: http://cm-vilareal.pt/

Monumento - Capela Nova ou Igreja dos Clérigos


Esta Capela começou a ser construída a 2 de Fevereiro de 1639 e atribui-se esta obra ao arquitecto italiano Nicolau Nasoni. Na frontaria, que está dividida em duas partes, pode ler-se na primeira “TU ES PASTOR”, na metade inferior pode ler-se “OUVI UM”. Sobre o lintel da porta encontra-se outra frase “PRINCEPS APOSTOLORVM TIBI TRADITAE SVNT CLAVES REGNI CAELORVM” (significa: Pastor das ovelhas, príncipe dos Apóstolos e senhor das chaves do céu. Lembra o quem é S. Pedro). É uma Igreja do estilo barroco muito rica. Dentro da Capela, encontram-se painéis de azulejo setecentista representando cenas de S. Paulo e S. Pedro. O primeiro representa o naufrágio de São Paulo. O segundo mostra S. Paulo em Atenas. O terceiro fala do poder de S. Pedro, que juntava os doentes na rua, na esperança de os curar com a sua sombra. No quarto conta-se como S. Pedro fez cair Simão, quando este se levitava. O quinto conta como S. Paulo caminhou sobre as águas do mar e devido à dúvida, quase se afogava. Na capela-mor, podemos contemplar duas telas pintadas a óleo.

Monumento - Igreja de S. Pedro


Esta Igreja foi mandada construir em 1528 pelo Abade de Mouçós: D. Pedro de Castro, que está aqui sepultado. A Igreja de S. Pedro foi construída num local onde já existia uma capela dedicada a S. Nicolau, tendo a sua construção demorado cerca de 200 anos a ser finalizada. Trata-se de um belo exemplo do estilo barroco em Vila Real, estando toda revestida a talha dourada. Em 1711, esta Igreja foi alvo de grandes obras, tendo sido construídos cinco altares laterais e o arco da pia baptismal. Estas obras foram uma iniciativa do pároco José Moutinho de Aguiar. O tecto desta Igreja está todo apainelado com caixotes no tecto, sendo que esta é uma das Igrejas mais apreciada devido à sua talha dourada e pelos caixotes que podemos ver no tecto.

Monumento - Igreja da Misericórdia


A Igreja da Misericórdia de Vila Real é uma obra quinhentista e foi mandada construir por D. Pedro de Castro, abade de Mouçós. D. Pedro de Castro queria criar uma fundação e foi dessa fundação que nasceu uma capela. A sua construção iniciou-se a 20 de Março de 1532, sendo concluída em 1548. Dizem que foi nesse mesmo ano que a igreja passou para as mãos da Santa Casa da Misericórdia, à qual ainda hoje pertence. Uma das obras da misericórdia era enterrar os mortos. Estas sepulturas eram colocadas no chão da própria Igreja, sendo também conhecidas por taburnos. Devido ao crescimento da cidade, em 1542, a capela sofreu um alargamento. Foram compradas as casas que se encontravam à volta da capela e alargou-se a mesma e, assim, se construiu a Igreja da Misericórdia. A Igreja está dividida em duas partes: a primeira parte (frente) é a capela-mor e a segunda parte (trás) o alargamento que sofreu. A igreja tinha quatro retábulos de estilo barroco, quando em 2006 foram retirados para a restauração dos mesmos, descobriram-se outros dois retábulos de granito pintados e dourado muito mais valiosos por serem de origem do estilo maneirista, um estilo muito raro na nossa região.
Trabalho realizado por Mafalda Chaves

Lenda das Ganchas de S. Brás



Anualmente, no dia 3 de Fevereiro realizam-se as festas a S.Brás na Vila Velha, numa pequena capela junto à igreja de S. Dinis, no cemitério mais antigo da cidade. Neste dia, é costume encontrar-se à venda as chamadas “ ganchas” feitas com massa de rebuçado e enfeitadas com bonito papel de seda. É tradição, os fiéis darem três voltas ao cemitério, às “arrecuas”, calados, para “não entrar enguiço”. É então altura de os rapazes oferecerem a gancha às raparigas, retribuindo o presente dos “pitos de Santa Luzia. Há quem diga que este doce significará “um gancho para apanhar raparigas com vontade de namorar”.
As ganchas de S. Brás, segundo reza a lenda, têm origem no séc. IV, quando uma mulher pediu a S. Brás que socorresse o filho que tinha uma espinha na garganta. Quando o santo se aproximou da criança em perigo de vida, o milagre deu-se. A partir desse feito, foi eleito protector das doenças da garganta. Como S. Brás era bispo, julga-se que a forma das ganchas, com feitio de bengalas, esteja relacionada com o báculo bispal do Santo. Outras versões defendem que a forma das ganchas representa um espátula para pincelar as gargantas ou para tirar objectos nela entalados. O facto de ser feita de açúcar será para serenar as crianças, adoçando-lhes a boca enquanto a remexem na garganta.

Vestígios Romanos em Vila Real




Vila Real é a capital da província de Trás-os-Montes e uma cidade com vários séculos de história. Segundo se julga, terá sido habitada no Paleolítico. Depois, por ela passaram os celtiberos, os romanos, os bárbaros e os muçulmanos, sendo da época dos romanos o Santuário rupestre de Panóias. A região, pouco povoada, foi alvo de uma política de povoamento no século XII. No século XIII, D. Dinis fundou a "Pobra" de Vila Real de Panóias, que deu origem à cidade de hoje.
Uma cidade onde se cruzam igrejas e conventos de várias épocas e estilos.
Por ali passou o famoso arquitecto Nicolau Nasoni, deixando a sua obra visível na fachada da Igreja dos Clérigos e no solar que é um dos mais belos exemplos de arquitectura barroca em Portugal - a Casa de Mateus. Além deste solar, podem-se encontrar muitos outros nesta cidade que já chegou a ser conhecida como "A Corte de Trás-os-Montes".
Depois de descobrir as potencialidades de uma cidade que é capital de uma das mais importantes províncias vinícolas do país, não é preciso andar muito em torno de Vila Real para descobrir a simplicidade de uma pequena aldeia chamada Vilarinho da Samardã, onde Camilo Castelo Branco passou os primeiros e únicos felizes anos da sua vida. Depois, uma visita a Bisalhães e Vilar de Nantes remete-nos para a simplicidade do barro preto e das mãos que lhe sabem dar diferentes formas. São já as mulheres de Agarez que aplicam as suas capacidades no trabalho manual do linho.


SANTUÁRIO RUPESTRE DE PANÓIAS




Nas margens do Rio Corgo, um dos afluentes do Douro, a cidade de Vila Real ergue-se a cerca de 450 metros de altitude, numa região que revela indícios de ter sido habitada desde o Paleolítico. Vestígios de povoamentos posteriores, como o Santuário Rupestre de Panóias, denunciam com segurança a presença dos romanos na região, mas os tempos que se seguiram, durante as invasões bárbaras e sobretudo muçulmanas, impuseram um despovoamento gradual que só terminou com a aproximação do séc. XII, com a outorga em 1096 do foral de Constantim de Panóias, pelo Conde D. Henrique. Em 1289, por foral de D. Dinis (o primeiro dado por este monarca a Vila Real) é fundada a pobra de Vila Real de Panóias, que viria a transformar-se na cidade de hoje.

PONTE ROMANA DE SÃO LOURENÇO


A Ponte Romana de São Lourenço, também conhecida por “Ponte Romana do Arquinho de São Lourenço”, situa-se na continuação da povoação de São Lourenço, sobre a ribeira com o mesmo nome, no concelho de Chaves, na região Norte do País. Esta é uma região com antiga ocupação humana, e vários vestígios arqueológicos, nomeadamente Romanos.
A Ponte estaria numa das importantes vias Romanas que tinha das vertentes mais difíceis, ligando Braga a Astorga, da qual ainda restam vários troços, hoje visitáveis na “Calçada Romana de São Lourenço”. Esta é uma estrutura pequena, com um só arco, e cerca de 8 metros de comprimento e 4 de largura, de tabuleiro plano e sem guardas.

PONTE ROMANA DE PISCAIS



A Ponte de Piscais, sobre o rio Corgo, é uma ponte romana situada a norte da cidade de Vila Real na freguesia de Mouçós, Portugal. Esta obra fazia parte de uma importante via romana que atravessava toda a península ibérica, como ainda está aberta ao tráfego automóvel tem sofrido vários "atentados" entre os quais o uso do cimento para nivelar os característicos e não nivelados pavimentos romanos - (por terem assim sido construídos e por centenas de anos de uso).
Foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1977.


VILARINHO DE SAMARDÃ

Em Vilarinho de Samardã devia passar uma via romana que ligava Chaves (Aquae Flaviae) a Lamego (Lamecum), através da cidade de «Cauca» (Vila Pouca de Aguiar) e da de Panóias. A presença romana é atestada pelo nome de Cividade, que diz Pinho Leal, ainda conserva um morro, no qual, “conforme a tradição, existiu um castelo e se tem encontrado muitas moedas romanas.
Também diz a tradição que houve um castelo dos mouros (talvez dos romanos) no sítio denominado Monte da Murada ou Muralha, hoje fragoedo nu, mas que muito provavelmente foi murado e fortificado outrora”. Um destes nomes pode ter correspondido ao monte do Castelo de S. Cristóvão, próximo de Vilarinho, mas originariamente um castro. Durante a Reconquista, Trás-os-Montes sofreu um forte despovoamento pelo que o processo de atracção das populações se foi fazendo durante a formação da nação. Aqui, isso terá acontecido no século XII-XIII por carta de foro ou povoação ou até por foral. É provável também que aqui houvesse terras da casa dos Sousãos e até da própria sé bracarense, por doação de D. Afonso Henriques, nos inícios do seu governo (1127-1128).
As inquirições de 1220 de Santa Maria de Adoufe citam a existência deste Vilarinho, porque aqui existia um casal reguengo, dando à coroa a quarta do pão e do linho e metade do vinho, além das direituras de uma espádua de porco, um sexteiro de pão, duas galinhas com vinte e cinco ovos, um cabrito com uma galinha e um leitão. Havia ainda aqui outros casais que pagavam ao rei um almude de manteiga, uma galinha com dez ovos e uma quarta de vinho, por ano, além de fazerem serviço nos castelos (anúduva).
Segundo se pode ler na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira “o facto mais notável do século XIII é o foral concedido aos habitantes para o sítio de Codeçais. Em Setembro de 1257, o juiz de Panóias, Martim Martins, obedecendo às ordens de D. Afonso III nesse sentido, (…) passa uma carta de foral a quatro famílias nomeadas (…) para povoar o local dos Codeçais em termo de Vilarinho que, indubitavelmente é este, de Samardã. Este concelho de Codeçais era limitado ao sul pelo ribeiro que desce do Meroucinho e passa entre Vilarinho e Benagouro”. Aqui houve uma povoação chamada de Antela que recebeu foral em 1255, por mandado de D. Afonso III. Antela é um topónimo arqueológico, derivado de edificação dolménica. Desapareceu da freguesia como nome de povoação. Também o foro é dado a quatro famílias. Codeçais e Antela são pequenos concelhos que teriam existido apenas nos séculos XIII e XIV(…)

Vestígios Romanos em Vila Real




Vila Real é a capital da província de Trás-os-Montes e uma cidade com vários séculos de história. Segundo se julga, terá sido habitada no Paleolítico. Depois, por ela passaram os celtiberos, os romanos, os bárbaros e os muçulmanos, sendo da época dos romanos o Santuário rupestre de Panóias. A região, pouco povoada, foi alvo de uma política de povoamento no século XII. No século XIII, D. Dinis fundou a "Pobra" de Vila Real de Panóias, que deu origem à cidade de hoje.
Uma cidade onde se cruzam igrejas e conventos de várias épocas e estilos.
Por ali passou o famoso arquitecto Nicolau Nasoni, deixando a sua obra visível na fachada da Igreja dos Clérigos e no solar que é um dos mais belos exemplos de arquitectura barroca em Portugal - a Casa de Mateus. Além deste solar, podem-se encontrar muitos outros nesta cidade que já chegou a ser conhecida como "A Corte de Trás-os-Montes".
Depois de descobrir as potencialidades de uma cidade que é capital de uma das mais importantes províncias vinícolas do país, não é preciso andar muito em torno de Vila Real para descobrir a simplicidade de uma pequena aldeia chamada Vilarinho da Samardã, onde Camilo Castelo Branco passou os primeiros e únicos felizes anos da sua vida. Depois, uma visita a Bisalhães e Vilar de Nantes remete-nos para a simplicidade do barro preto e das mãos que lhe sabem dar diferentes formas. São já as mulheres de Agarez que aplicam as suas capacidades no trabalho manual do linho.


SANTUÁRIO RUPESTRE DE PANÓIAS




Nas margens do Rio Corgo, um dos afluentes do Douro, a cidade de Vila Real ergue-se a cerca de 450 metros de altitude, numa região que revela indícios de ter sido habitada desde o Paleolítico. Vestígios de povoamentos posteriores, como o Santuário Rupestre de Panóias, denunciam com segurança a presença dos romanos na região, mas os tempos que se seguiram, durante as invasões bárbaras e sobretudo muçulmanas, impuseram um despovoamento gradual que só terminou com a aproximação do séc. XII, com a outorga em 1096 do foral de Constantim de Panóias, pelo Conde D. Henrique. Em 1289, por foral de D. Dinis (o primeiro dado por este monarca a Vila Real) é fundada a pobra de Vila Real de Panóias, que viria a transformar-se na cidade de hoje.

PONTE ROMANA DE SÃO LOURENÇO


A Ponte Romana de São Lourenço, também conhecida por “Ponte Romana do Arquinho de São Lourenço”, situa-se na continuação da povoação de São Lourenço, sobre a ribeira com o mesmo nome, no concelho de Chaves, na região Norte do País. Esta é uma região com antiga ocupação humana, e vários vestígios arqueológicos, nomeadamente Romanos.
A Ponte estaria numa das importantes vias Romanas que tinha das vertentes mais difíceis, ligando Braga a Astorga, da qual ainda restam vários troços, hoje visitáveis na “Calçada Romana de São Lourenço”. Esta é uma estrutura pequena, com um só arco, e cerca de 8 metros de comprimento e 4 de largura, de tabuleiro plano e sem guardas.

PONTE ROMANA DE PISCAIS



A Ponte de Piscais, sobre o rio Corgo, é uma ponte romana situada a norte da cidade de Vila Real na freguesia de Mouçós, Portugal. Esta obra fazia parte de uma importante via romana que atravessava toda a península ibérica, como ainda está aberta ao tráfego automóvel tem sofrido vários "atentados" entre os quais o uso do cimento para nivelar os característicos e não nivelados pavimentos romanos - (por terem assim sido construídos e por centenas de anos de uso).
Foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1977.


VILARINHO DE SAMARDÃ

Em Vilarinho de Samardã devia passar uma via romana que ligava Chaves (Aquae Flaviae) a Lamego (Lamecum), através da cidade de «Cauca» (Vila Pouca de Aguiar) e da de Panóias. A presença romana é atestada pelo nome de Cividade, que diz Pinho Leal, ainda conserva um morro, no qual, “conforme a tradição, existiu um castelo e se tem encontrado muitas moedas romanas.
Também diz a tradição que houve um castelo dos mouros (talvez dos romanos) no sítio denominado Monte da Murada ou Muralha, hoje fragoedo nu, mas que muito provavelmente foi murado e fortificado outrora”. Um destes nomes pode ter correspondido ao monte do Castelo de S. Cristóvão, próximo de Vilarinho, mas originariamente um castro. Durante a Reconquista, Trás-os-Montes sofreu um forte despovoamento pelo que o processo de atracção das populações se foi fazendo durante a formação da nação. Aqui, isso terá acontecido no século XII-XIII por carta de foro ou povoação ou até por foral. É provável também que aqui houvesse terras da casa dos Sousãos e até da própria sé bracarense, por doação de D. Afonso Henriques, nos inícios do seu governo (1127-1128).
As inquirições de 1220 de Santa Maria de Adoufe citam a existência deste Vilarinho, porque aqui existia um casal reguengo, dando à coroa a quarta do pão e do linho e metade do vinho, além das direituras de uma espádua de porco, um sexteiro de pão, duas galinhas com vinte e cinco ovos, um cabrito com uma galinha e um leitão. Havia ainda aqui outros casais que pagavam ao rei um almude de manteiga, uma galinha com dez ovos e uma quarta de vinho, por ano, além de fazerem serviço nos castelos (anúduva).
Segundo se pode ler na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira “o facto mais notável do século XIII é o foral concedido aos habitantes para o sítio de Codeçais. Em Setembro de 1257, o juiz de Panóias, Martim Martins, obedecendo às ordens de D. Afonso III nesse sentido, (…) passa uma carta de foral a quatro famílias nomeadas (…) para povoar o local dos Codeçais em termo de Vilarinho que, indubitavelmente é este, de Samardã. Este concelho de Codeçais era limitado ao sul pelo ribeiro que desce do Meroucinho e passa entre Vilarinho e Benagouro”. Aqui houve uma povoação chamada de Antela que recebeu foral em 1255, por mandado de D. Afonso III. Antela é um topónimo arqueológico, derivado de edificação dolménica. Desapareceu da freguesia como nome de povoação. Também o foro é dado a quatro famílias. Codeçais e Antela são pequenos concelhos que teriam existido apenas nos séculos XIII e XIV(…)



Trabalhado realizado por Diogo Reis Santos

Artesanato - Olaria de Bisalhães




A olaria de Bisalhães é um dos ex-libris de Vila Real, pela sua tradição secular que se prolonga até aos nossos dias. O barro é picado até se desfazer em pó, as impurezas são removidas, a mistura com a água cria a matéria-prima. Em seguida, o oleiro dá-lhe forma na roda e, antes que a peça seque, desenham-se flores e outros ornatos. A cozedura faz-se num forno aberto no chão.

Colocadas as peças, cobrem-se com rama de pinheiro verde, a que se ateia o fogo. O fogo é abafado com caruma, musgo e terra, para que se não libertem fumos e seja obtida a cor negra característica.

Na Festa de S. Pedro é tradição fazer-se a Feira dos Pucarinhos, onde os oleiros de Bisalhães vendem as peças que fabricam. A peça de barro mais procurada é a Bilha dos Segredos.


Figura Ilustre de Vila Real

Camilo Castelo Branco



Camilo Castelo Branco é o nome mais conhecido e pelo qual o escritor e romancista (além de cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor) Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco se notabilizou na literatura.
Teve uma vida atribulada que lhe serviu muitas vezes de inspiração para as suas novelas. Foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos literários. Apesar de ter de escrever para um público, sujeitando-se assim aos ditames da “moda”, conseguiu ter uma escrita muito original.
Camilo Castelo Branco, primeiro visconde de Correia Botelho, nascido a 16 de Março de 1825, era filho natural de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, duma família afidalgada de Vila Real e de D. Jacinta Rosa de Almeida do Espírito Santo, com quem não casou, mas de quem teve os seus dois filhos. Camilo foi assim perfilhado por seu pai em 1829, como "filho de mãe incógnita".
Foi órfão de mãe quando tinha apenas 3 meses de idade sendo entregue a uma pobre mulher de Coimbra para o amamentar. O seu pai morreu quando Camilo tinha nove anos de idade.
Ficando assim deserdado, em completa orfandade, os parentes paternos tomaram conta da pobre criança, que foi entregue aos cuidados duma tia de Vila Real, D. Rita Emília da Veiga Castelo Branco. Parece que se não deu bem com a sua protectora, porque duas vezes tentou fugir-lhe, uma vez para o Porto e outra para Lisboa, sendo de ambas as vezes obrigado a voltar a casa, indo então viver na aldeia de Samardã em 1839, para casa dum seu tio (e da sua irmã), o padre António de Azevedo, que lhe deu as primeiras lições de latim e de cantochão, com o qual rezava os ofícios divinos do breviário, e a quem ajudava à missa de madrugada.
Com apenas dezasseis anos, Camilo casa, em Ribeira de Pena a 18 de Agosto de 1841 com uma menina mais velha do que ele, Maria Joaquina Pereira de França, de S. Cosem de Gondomar e instala-se em Friúme (Ribeira de Pena). O casamento precoce parece ter sido resultado de uma mera paixão juvenil, não tendo resistido muito tempo. Nesse ano veio para Lisboa para espairecer paixões precoces que o assoberbavam, donde os parentes o fizeram sair por falta de recursos, e em 1843 apareceu no Porto a matricular-se em 16 de Outubro na Escola Médico-cirúrgica. A vida de estudante pobre nesta cidade burguesa e endinheirada, pelo isolamento a que era forçado, fortificava-lhe o temperamento sarcástico e observador, que viria a fazer de Camilo Castelo Branco um romancista, dando por fundo dos seus quadros esse velho Porto.
Indo para Coimbra completar os preparatórios do Liceu foi preso na Relação do Porto, onde entrou a 16 de Outubro de 1846, a requisição da família, por motivo duma aventura amorosa com D. Patrícia Emília do Carmo, de Vila Real, de cujas relações nascera uma filha.
Neste período, o país estava em lutas tormentosas de cartistas contra setembristas, e na cadeia conheceu muitos presos políticos; durante o pouco tempo de detenção adquiriu essa desdenhosa indiferença que o afastou de todas as facções politicas que se sucederam até à sua morte. Sendo solto, foi para Coimbra, seguindo depois para Vila Real, quando as aulas se fecharam por causa da revolução popular, que ficou conhecida por “Maria da Fonte”.
Em Vila Real escreveu o seu primeiro drama, Agostinho de Ceuta, que se representou com o maior agrado no teatro daquela vila por curiosos. Em 1848 fixou a sua residência no Porto.
Camilo tenta então o curso de Medicina no Porto que não conclui, optando depois por Direito. A partir de 1848 faz uma vida de boémia repleta de paixões, repartindo o seu tempo entre os cafés e os salões burgueses, dedicando-se entretanto ao jornalismo.
Apaixona-se por D. Ana Augusta Plácido, duma família distinta do Porto, e quando esta se casa, tem de 1850 a 1852, uma crise de misticismo, chegando a frequentar o seminário episcopal do Porto que depois abandona. Ana Plácido tornara-se mulher de um negociante de seu nome, Pinheiro Alves, um brasileiro que o inspira como personagem em algumas das suas novelas, muitas vezes com carácter depreciativo.
Seduz e rapta Ana Plácido. Quando lhe instauraram o processo criminal, assaltou-o uma exacerbação nervosa, e vendo-se perseguido pela justiça, viveu a monte. Saiu do Porto em Maio do referido ano de 1860 pelo arrabalde de Bonfim, pensando na tranquila aldeia de Samardã, onde vivera em criança; dirigiu-se a Guimarães, passou à quinta de Briteiros, depois à do Ermo, em Fafe, do seu amigo Vieira de Castro, seguiu a Vila Real, passou a serra do Marão a 2 de Julho de 1860, esteve em Amarante e ainda em outras partes, voltando finalmente ao Porto em Setembro, para se entregarem às autoridades sendo julgados e depois presos, em 1 de Outubro. Naquela época o caso emocionou a opinião pública pelo seu conteúdo tipicamente romântico do amor contrariado, que se ergue à revelia das convenções e imposições sociais.
Na cadeia buscava distracção e os recursos de subsistência nos trabalhos literários, traduzindo romances, escrevendo folhetins e os pequenos contos Doze casamentos felizes, com os romances originais Anos de prosa, Romance dum homem rico e Amor de perdição. Na prisão recebeu a visita do rei D. Pedro V, em 1861, e nesse ano foi julgado a 17 de Outubro em audiência de júri, ficando absolvidos do crime de adultério. Depois Camilo e Ana Plácido passam a viver juntos, contando ele trinta e oito anos de idade.
Camilo Castelo Branco achou-se novamente ligado à mulher que o seu talento literário deslumbrara.
Entretanto, Ana Plácido tem um filho, teoricamente do seu antigo marido, ao que se somam mais dois de Camilo. Com uma família tão numerosa para sustentar Camilo, entregou-se a um activo trabalho, escrevendo, um ritmo alucinante, sucessivos livros, que os editores compravam, vendendo-se prontamente as edições.
Pensou depois em ser empregado publico, e em 1862 veio a Lisboa, mas os ares da capital eram prejudiciais à sua saúde, e poucos anos se demorou, retirando-se para a quinta de S. Miguel de Seide, que pertencia a D. Ana Plácido. A natureza campestre não o pacificou; o isolamento despertava-lhe uma sensibilidade mórbida, que se converteu em nevralgias, que o não deixavam demorar-se num sitio, ora em Braga, no Bom Jesus do Monte, ora na Povoa de Varzim, no Porto, na Foz, tendo apenas um único alivio, o trabalho mental.
Camilo Castelo Branco vinha regularmente à Póvoa de Varzim entre 1873 e 1890, perdendo-se no jogo e escrevendo parte da sua obra no antigo Hotel Luso-Brazileiro junto do Largo do Café Chinês. Camilo reunia-se com personalidades de notoriedade intelectual e social, como o pai de Eça de Queirós, José Maria d'Almeida Teixeira de Queirós, magistrado e par do reino, o poeta e dramaturgo poveiro Francisco Gomes de Amorim, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, António Feliciano de Castilho, entre outros. Sempre que vinha à Póvoa, convivia regularmente com o Visconde de Azevedo no Solar dos Carneiros.
Em 1885 é-lhe concedido o título de visconde de Correia Botelho e posteriormente, a 9 de Março de 1888 casa-se finalmente com Ana Plácido, que tinha enviuvado do seu primeiro marido.
Camilo passa os últimos anos da sua vida ao lado de Ana Plácido, não encontrando a estabilidade emocional por que ansiava. As dificuldades financeiras e os desgostos de família aumentaram-lhe ainda os sofrimentos; a morte duma netinha de 3 anos, que muito estimava, a loucura irremediável de seu filho Jorge, e a irresponsabilidade do seu filho mais velho, Nuno, levaram-no ao desespero que lhe sugeriu a ideia do suicídio.
A progressiva e crescente cegueira (causada pela sífilis), impede Camilo de ler e de trabalhar capazmente, o que o mergulha num enorme desespero.
Camilo Castelo Branco, depois da consulta a um oftalmologista que lhe confirmara a gravidade do seu estado, em desespero desfere um tiro de revólver na têmpora direita, às 15h15 de 1 de Junho de 1890, acabando por morrer às 17h00 desse mesmo dia.



Principais Obras:

- Anátema (1851)
- Mistérios de Lisboa (1854)
- A Filha do Arcediago (1854)
- Livro negro de Padre Dinis (1855)
- A Neta do Arcediago (1856)
- Onde Está a Felicidade? (1856)
- Um Homem de Brios (1856)
- Lágrimas Abençoadas (1857)
- Cenas da Foz (1857)
- Carlota Ângela (1858)
- Vingança (1858)
- O Que Fazem Mulheres (1858)
- O Morgado de Fafe em Lisboa (Teatro, 1861)
- Doze Casamentos Felizes (1861)
- O Romance de um Homem Rico (1861)
- As Três Irmãs (1862)
- Amor de Perdição (1862)
- Memórias do Carcere (1862)
- Coisas Espantosas (1862)
- Coração, Cabeça e Estômago (1862)
- Estrelas Funestas (1862)
- Cenas Contemporâneas (1862)
- Anos de Prosa (1863)
- Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (1863)
- O Bem e o Mal (1863)
- Estrelas Propícias (1863)
- Memórias de Guilherme do Amaral (1863)
- Agulha em Palheiro (1863)
- Amor de Salvação (1864)
- A Filha do Doutor Negro (1864)
- Vinte Horas de Liteira (1864)
- O Esqueleto (1865)
- A Queda dum Anjo (1866)
- O Santo da Montanha (1866) - A Bruxa do Monte Córdova (1867)
- A doida do Candal (1867)
- Os Mistérios de Fafe (1868)
- O Retrato de Ricardina (1868)
- Os Brilhantes do Brasileiro (1869)
- A Mulher Fatal (1870)
- A Infanta Capelista (1872) (conhecem-se apenas 3 exemplares deste romance porque D.Pedro II pediu a Camilo para não o publicar, uma vez que versava sobre um familiar da Família Real Portuguesa e da Família Imperial Brasileira)
- O Carrasco de Victor Hugo José Alves (1872)
- O Regicida (1874)
- A Filha do Regicida (1875)
- A Caveira da Mártir (1876)
- Novelas do Minho (1875-1877)
- Eusébio Macário (1879)
- A Corja (1880)
- A senhora Rattazzi (1880)
- A Brasileira de Prazins (1882)
- O Arrependimento
- O Assassino de Macario
- D. Antonio Alves Martins: bispo de Vizeu
- Folhas Caídas
- O General Carlos Ribeiro
- A Gratidão
- Luiz de Camões
- Sá de Miranda
- Salve, Rei!
- Suicida
- O vinho do Porto
- Voltareis ó Cristo?
- Theatro comico: A Morgadinha de Val d'Amores; Entre a flauta e a Viola

Figura Ilustre de Vila Real

José Augusto Alves Roçadas



Oficial do exército, foi governador de Angola e o último comandante do Corpo Expedicionário Português a França, durante a Primeira Guerra Mundial.
Nasceu em Vila Real, em 6 de Abril de 1865;morreu em 28 de Junho de 1926.
Entrou para o exército em 1882, tendo concluído em 1889, em primeiro lugar, o curso do Estado-Maior da Escola do Exército. Promovido a alferes para Cavalaria 2, era tenente no ano seguinte, e capitão 4 anos depois, com 29 anos de idade.
Em 1897 foi enviado para Angola, como chefe de estado-maior, servido na colónia até 1900.
Em 1902 foi enviado para a Índia, de novo como chefe de estado-maior das forças estacionadas naquela colónia do Índico. Voltou a Angola em 1905, nomeado governador do distrito da Huíla
De regresso a Lisboa é promovido a Major e nomeado ajudante-de-campo do rei, grande oficial da Torre e Espada, recebendo as medalhas de ouro de Serviços Distintos e Valor Militar. Em 20 de Maio de 1908, no começo do reinado de D. Manuel II, foi promovido por distinção a tenente-coronel.
Nomeado governador de Macau, regressou a Angola como governador-geral, mas por pouco tempo, por se ter demitindo do cargo devido à revolução republicana de Outubro de 1910. De regresso a Portugal, é colocado como chefe de estado-maior de várias grandes unidades.
Em 1914, quando se organizou a primeira expedição a Angola, para defender o sul da colónia, que fazia fronteira com a colónia alemã do Sudoeste Africano, Roçadas foi escolhido para a comandar.
Em Setembro de 1918 foi enviado para França, com o posto de general graduado, tomando interinamente o comando da 2.ª divisão do C.E.P. em Dezembro, já depois do Armistício. Em 16 de Abril de 1919 foi nomeado comandante do Corpo português, sendo responsável pelo seu regresso a Portugal. Em Setembro de 1918 foi nomeado governador dos territórios da Companhia de Moçambique, tendo regressado em 1923 a Portugal. Confirmado no posto de general em Novembro de 1924, depois de ter prestado provas, foi nomeado comandante da 1.ª Divisão militar.
Desde o seu regresso, fez parte do grupo que em torno de Sinel de Cordes, preparou a conspiração que levou ao golpe de 28 de Maio de 1926, sendo o chefe indicado para tomar o poder, o que não se realizou devido a ter adoecido pouco tempo antes do golpe, acabando por morrer pouco tempo depois.


Fonte:
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 25, págs. 828-829


Trabalho elaborado por André Miguel Poeira

Símbolos de Vila Real

Bandeira e Brasão do Município de Vila Real





Hino de Vila Real

Ornada de tantas galas,
Oh! Abram alas
Uma princesa.
É filha de um rei troveiro,
Sonho primeiro
D’aurea beleza.
O nome cheio de encanto,
Que eu amo tanto,
Também o diz:
Real d’aspecto e de graça
A sorrir para quem passa,
A filha de D. Dinis


Teus filhos, linda princesa,
Tua nobreza
Sempre te herdaram,
E nos campos de batalha
Nunca à metralha
Costas voltaram:
É ver o bravo Araújo
E aquele marujo
Diogo Cão...
Pelotas e Alves Roçadas
Brandiram suas espadas
A lutar por teu brasão


À tua sombra descansa,
Deposta a lança,
Bravo “Espadeiro”
Ai! Guardas em um jazigo
O grande amigo
Do Rei primeiro!
A tua Santa madrinha
Foi a Rainha
Santa imortal,
Que num sorriso de amor,
Te converteu numa flor
Do jardim de Portugal!


Coro

Vila Real,
Oh! Que linda és
Tens o Corgo aos pés
Em adoração!
Vila Real
Como és gentil
Canta-te o Cabril,
Beija-te o Marão!

Vila Real, Vila Real, Vila Real!...





Festa de S. Lázaro







"Ana, Magana, Rabeca, Susana, Lázaros, Ramos na Páscoa estamos.” É assim que os locais contam as semanas em falta até chegar o dia da Festa de São Lázaro, na quinta semana após a Quarta-Feira de Cinzas que institui a Quaresma.
“Cavacórios” e “bexigas”, são mais duas especialidades regionais que os vila-realenses fabricam, neste caso, em dia da festa de S. Lázaro. Os “cavacórios” são um doce feito à base de ovos e farinha de trigo, com uma cobertura de açúcar. As “bexigas” são feitas com farinha de trigo, raspa de limão e cobertura de açúcar.
Parece que a tradição dos “cavacórios” e “bexigas” se filia na origem de uma epidemia que há muitos anos grassou em Vila Real, e à qual só os habitantes do bairro vizinho da Capela de S. Lázaro escaparam. Então os mesmos habitantes passaram a levar ao Santo as suas oferendas hoje introduzidas na tradição da cidade com o nome da própria epidemia, “bexigas”, e ainda os “cavacórios” , estes de tamanho maior e simbolizando o bolo em que consistia a oferta do devoto.
S. Lázaro é ainda hoje o santo de maior devoção da gente de Vila Real e, no domingo que antecede o "Domingo de Ramos" é costume os locais descerem à Rua dos Ferreiros para comprar os “cavacórios. Mas os locais evocam o santo como padroeiro das “bexigas”, nome dado à varíola pela cultura popular, atribuindo a forma funda que a cicatriz deixa no rosto à mesma que os doces possuem e levantando similitudes com a lepra que, erroneamente, não fez padecer Lázaro como marcou o martírio de Job ou que os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas relatam sobre as curas do profeta. Lázaro leproso era o mendigo que comia as migalhas que sobravam de um homem rico. Quando os dois morreram, o pobre foi para o céu e o rico para o Inferno. Daqui nasceu aquilo que se chama o “Mal de São Lázaro”. As suas representações mais antigas encontram-se no século III, com Cristo a assistir à sua ressurreição enquanto segura na mão direita uma vara semelhante à de Hermes, que utilizava para conduzir as almas até ao Hades.


Fonte:Ricardo Almeida

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Vila Real

Festa de S. Brás




Festas e Romarias


As festas e romarias tão caras à alma do nosso povo crente e folgazão, têm uma função simultaneamente religiosa e social.
As festas e romarias são um traço típico da cultura popular e tradicional do nosso povo. Estas manifestações extremamente numerosas e variadas, acontecem um pouco por todo o país, e fazem parte das tradições e memórias de um povo que luta para manter actual a cultura secular que lhe confere uma identidade muito própria.


- São Brás – “Vila Velha” (Vila Real) -2 e 3 de Fevereiro

- São Lázaro - Bairro dos Ferreiros ( Vila Real ) - Domingo de Lázaros, anterior ao Domingo de Ramos

- Nª Sª De Guadalupe – Ponte (Mouçós) – 2º Domingo de Maio

- São Bento – São Tomé do Castelo – 1º Domingo de Junho

- Sto António – Vila Real – 13 de Junho

- São Pedro – Vila Real – 28 e 29 de Junho

- São Cristóvão - Parada de Cunhos - Último domingo de Junho

- São Frutuoso e Sta Maria da Feira – Constantim- último Domingo de Julho

- Senhor Jesus do Calvário – Vila Real - Julho

- Mártir São Sebastião e Sta Maria Maior – Borbela – 1º Domingo de Agosto

- Nª Sª de La Salette – Vila Cova – 15 de Agosto

- Nª Sª de Lurdes – Justes – 3º Domingo de Agosto

- Sta Ana - Campeã – Último Domingo de Agosto

Festa do Corpo de Deus – (Vila Real) – Quinta-feira a seguir ao Domingo da Santíssima Trindade.

Nª .Sª. da Almodena – Bº da Almodena – Vila Real – 8 de Setembro

Nª . Sª da Pena – Mouçós – 2º domingo de Setembro





Festa de S. Brás e de Santa Luzia

Os “pitos” e as “ganchas” são, desde sempre, parte integrante da tradição religiosa e cultural de Trás-os-Montes e Alto Douro. As festividades em honra de Santa Luzia e de São Brás demonstram a linha ténue que separa o sagrado do profano.
Depois de entregues, a 13 de Dezembro, os respectivos “pitos” de Santa Luzia, chega a vez das “ganchas”, no dia 3 de Fevereiro, retribuírem o favor e fazerem jus à tradição. Sendo assim, em Vila Real, como de costume, as “Marianas” instalaram-se junto ao antigo Liceu, com uma mesinha à frente, coberta por um pano branco, decorado com as afamadas iguarias.
Segundo a sabedoria antiga, “a ‘gancha’ é a receita de São Brás para nos livrarmos do mal das goelas”, um santo que viveu entre os séculos III e IV na Arménia e que ficou conhecido por retirar com a mão um espinho da garganta de uma criança. O doce de calondro dos famosos “pitos” é a medicação de Santa Luzia para a vista, e os “cavacórios” de São Lázaro servem para combater as bexigas, o último doce desta cadeia tradicional que termina por altura da Páscoa. Contudo, a tradição já não é o que era e torna-se cada vez mais raro ouvir alguém a cantar:

"Vou ao São Brás
De cu ó pra trás
Buscar uma gancha
Para o meu rapaz.

Vou ao São Brás
De barriga prá frente
Buscar uma gancha
Para a minha gente."

Filipe Ribeiro

Lenda do Santo Soldaddo




Existe na Igreja da Misericórdia uma sepultura de José Custódio, fuzilado, ao que o povo diz, inocentemente, em 12 de Maio de 1813.
O “Santo Soldado” é uma história de um militar, de nome José Custódio, que prestava serviço, como soldado, no Regimento de Vila Real quando foi acusado de um roubo sacrílego.
Este soldado era muito valente e amigo de toda a gente mas apesar de ser um bom soldado, tinha um primo com o intuito de o prejudicar. Este roubou um cálice valioso de ouro numa igreja local, tendo-o colocado na mochila do soldado.
Desta forma aquando da procura do cálice desaparecido este foi encontrado na mochila do soldado.
Julgado em tribunal militar, foi condenado à morte, executado a arcabuz, no lugar hoje denominado o Arcabuzado, em virtude deste acontecimento.
Diz ainda a tradição que, sabendo o pai do soldado o que o filho era, foi a Lisboa pedir clemência ao rei, tendo o pai do soldado José Custódio solicitado o perdão do rei para seu filho, aquele era o portador do indulto régio, quando ao chegar à Ponte do Sordo ouviu a descarga das espingardas do pelotão que fuzilou o valente soldado.
Logo teve o pressentimento que chegava tarde demais. Pois José Custódio, embora tivesse jurado até à morte a sua inocência, jazia para sempre morto.
Assim, morre o inocente, uma vez que não foi ele que roubou o cálice, mas sim o seu primo. Este, tinha todos os motivos para o querer ver morto. Em homenagem ao sol-dado inocente, no local foi erguida uma capela.
Este acontecimento abalou tão profundamente a gente da cidade que logo o passou a venerar como “Santo Soldado”, e a invocá-lo nas necessidades e aflições.
E esta fé aumentou ainda quando, tempos depois, um outro soldado (o seu primo) confessou ter sido ele o autor do roubo.